O outro que vive em mim
Freud, em sua obra “O mal estar da civilização”, chega a conclusão de que a repressão de nossos instintos, desejos e sentimentos mais obscuros seria o preço que pagamos pela manutenção do equilíbrio social. Segundo ele, sem tal repressão a civilização e a convivência grupal se tornariam impraticáveis. No entanto, Jung vai além. Para ele, impulsos auto-destrutivos e sentimentos socialmente inaceitáveis fazem parte da natureza humana. Enquanto conteúdos que não aceitamos e não admitimos possuir, estes ficam relegados a nossa sombra. A diferença de pensamento entre os autores reside no fato de que, enquanto que para Freud a repressão destes conteúdos seria aquilo que possibilitaria a convivência em sociedade; para Jung, a repressão destes sentimentos, emoções e instintos apenas confeririam mais força e autonomia a estes, possibilitando a formação de complexos autônomos capazes de se impor à vontade do ego; resultando em atos que o indivíduo conscientemente não deseja realizar ...